sexta-feira, 28 de junho de 2013

Dois Sonetos de Paulo Bomfim

Do Mormaço

Este céu de mormaço que carrego
Lona cinzenta, capa de derrotas,
Habita-se do voo das gaivotas
E armaduras de sal onde me nego.

E das contradições que sou e lego
Às ondas porta-vozes de ignotas
Solidões, descaminhos que são grotas,
O cansaço do olhar de um dia cego.

Este céu de mormaço que acompanha
A sombra debruçada sobre o muro
E o meu passeio numa terra estranha

Modela em mim a solidão mais rica,
Pois nela sou a chuva do futuro,
A água que me apaga e que me explica.

Do viver

Urge viver. Minutos audaciosos
Armam cilada aos passos repetidos.
Qualquer coisa acontece nestes idos
De tempo estranho, e nós, seres porosos,

De argila e sangue,tristes e jocosos,
Com lágrimas e risos ressentidos,
Sacudimos os guisos comovidos
Como sinal de luz sobre danosos

Desertos de aquiescência e de rotina.
Urge viver. O tempo nos apela
No fim de cada rua. Em cada esquina

Há um encontro fatal, o gesto incrível
Do pintor produzindo em nossa tela,
Algo de cotidiano e de terrível.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Biografia de Paulo Bomfim

Paulo Lébeis Bomfim nasceu em São Paulo em 30 de Setembro de 1926. É descendente de bandeirantes e de fundadores de cidades.
Iniciou atividades jornalísticas em 1945, no “Correio Paulistano”. Depois foi convidado por Assis Chateaubriand para integrar o “Diário de São Paulo”, onde escreveu “Luz e Sombra” por dez anos. Redigiu “Notas Paulistas” para o “Diário de Notícias” do Rio de Janeiro.
Foi Diretor de Relações Públicas da “Fundação Cásper Líbero”. Fundou a Galeria Atrium com Clóvis Graciano. Produziu “Universidade na TV” no Canal 2 de São Paulo, juntamente com Heraldo Barbuy e Oswald de Andrade Filho. No antigo Canal 4, TV Tupi, produziu “Crônica da Cidade” e “Mappin Movietone”. Na Rádio Gazeta apresentou “Hora do Livro” e “Gazeta é Notícia”.
Seu livro de estreia foi “Antônio Triste”, publicado em 1947, com prefácio de Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral. Essa obra foi premiada em 1948 pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Olavo Bilac. Fizeram parte da comissão julgadora Manuel Bandeira, Olegário Mariano e Luiz Edmundo.
Sua publicação seguinte foi “Transfiguração” (1951), depois “Relógio do Sol” (1952), onde lançou cantigas musicadas por Dinorah de Carvalho, Camargo Guarnieri, Theodoro Nogueira, Sérgio Vasconcelos, Oswaldo Lacerda e outros.
Em 1954 publicou “Cantiga de Desencontro”, “Poema do Silêncio” e “Armorial”. Cassiano Ricardo chamou esta obra de “volta proustiana ao passado paulista”, onde o autor se volta miticamente ao bandeirismo de seus ancestrais.
Em 1958 lançou “Quinze Anos de Poesia” e “Poema da Descoberta”.
Suas obras seguintes são: “Sonetos” (1959); “Colecionador de Minutos” e “Ramos de Rumos” (1961); “Antologia Poética” (1962); “Sonetos da Vida e da Morte” (1963); “Tempo Reverso” (1964); “Canções” e “Calendário” (1966); “Poemas Escolhidos” (1973), com prefácio de Nogueira Moutinho; “Praia de Sonetos” (1981), com prefácio de Almeida Salles e ilustrações de Celina Lima Verde; “Sonetos do Caminho (1983), com prefácio de Gilberto de Mello Kujawski; “Súdito da Noite” (1992), com prefácio de Ignácio da Silva Telles e capa de Dudu Santos; “50 anos de Poesia” (1997), com prefácio de Rodrigo Leal Rodrigues e “Sonetos” pela Universitária Editora de Lisboa; “Aquele menino” (2000); “O Caminheiro” (2001); A Academia Paulista de Magistrados lança “Tributo a Paulo Bomfim” (2003); “Tecido de Lembranças” (2004); “Rituais” (2005), com ilustrações de Dudu Santos; “Livro dos Sonetos” e “Janeiros de Meu São Paulo” (2006); “Navegante” e “Cancioneiro” (2007), com desenhos de Adriana Florence; “Café com Leite” (2008), com Juarez de Oliveira; “Diário do Anoitecer”  e “Antologia Lírica” (2012); “Insólita Metrópole” (2013).    
Suas obras foram traduzidas para o alemão, o francês, o inglês, o italiano e o castelhano.
Em 1963 entrou para a Academia Paulista de Letras.
Em 1981 foi eleito Intelectual do Ano pela União Brasileira de Escritores, recebendo o troféu Juca Pato.
Em 1991 recebeu o título de “Príncipe dos Poetas Brasileiros” pela Revista de Brasília.
Em seus 50 anos de Poesia (1997) recebeu o prêmio da União Brasileira de Escritores.
Em 2004 foi criado o “Prêmio Paulo Bomfim de Poesia” pelo Governo do Estado de São Paulo.
Em 2008 recebeu o Prêmio Literário “Fundação Bunge”, pelo conjunto de sua obra.
Em 2012 recebeu o Colar do Mérito Judiciário.
Em 2013 celebrou 50 anos de Academia Paulista de Letras.
É o decano da Academia Paulista de Letras.
Fontes Bibliográficas:
Site da Academia Paulista de Letras

www.paulobomfim.com