segunda-feira, 26 de outubro de 2015

10 anos do livro “Humanização da Medicina e seus Mitos”




No ano de 2005 a Editora Companhia Ilimitada lançou o livro “Humanização da Medicina e seus Mitos” de minha autoria (Afonso Carlos Neves).
Nessa obra pretendi registrar estudos que surgiram a partir de atividades voltadas à Humanização da Medicina das quais participei desde 1985, na Escola Paulista de Medicina (nessa ocasião ainda não havia a Universidade Federal de São Paulo). Nesse ano, a já presente deterioração dos cuidados à saúde nos hospitais públicos nos levou a organizar encontros e debates a respeito de questões que envolvessem noções de humanismo, no sentido amplo do termo, e questões de saúde e doença.
Desde então, surgiram palestras, cursos, seminários, congressos, etc. de que participei, em torno dessas questões, o que levou a buscar um aprofundamento nesse assunto.
A partir daí, foram feitos estudos correlacionados ao Juramento de Hipócrates e os desdobramentos do entendimento de seu texto. Nesse sentido, ganharam vida as personagens correspondentes aos deuses gregos relacionados à medicina.
O livro contém nove partes, com diversos capítulos.
A parte 1 chama-se “Homo sapiens e Anthropos”, onde, a partir desses termos discute-se conceitos de “ser humano.
A parte 2 foi intitulada “O novo Humanismo e o Transhumanismo”. Ao mesmo tempo em que novas formas de entender o ser humano aparecem, como a que provém dos estudos de Mircea Eliade, estudioso da Mitologia, o Transhumanismo proveniente do desenvolvimento tecnológico promete transpor os limites do humano. A partir daí ainda haveria o ser humano?
A parte 3 chama-se “O Mito”, e discute os variados sentidos da palavra mito, desde “interpretação falsa” até as noções de Mito Moderno, bem como outras instâncias de Mito, incluindo as noções profundas de Mito associadas a estudos de psicologia.
Na parte 4, intitulada “Alguns precedentes da humanização”, discutem-se fatores que já associados a esse termo, antecederam o termo “humanização”, popularizado na transição do século XX para o século XXI.
Na parte 5, intitulada “Hipócrates e seus mitos” procura-se estudar Hipócrates como “Pai da Medicina”, mas também ele mesmo como uma figura mítica, tal a força de sua presença na Medicina.
Na parte 6, “Os Mitos do Juramento”, detalha-se o estudos das figuras míticas gregas relacionadas no Juramento, bem como outras que acabam se desdobrando do próprio aprofundamento no conhecimento dos mitos do juramento.
Na parte 7, “Símbolos e Mitos”, estuda-se a correlação entre determinados símbolos que se tornaram consagrados em relação à Medicina e os Mitos.
Nas partes 8 e 9, respectivamente “Uma outra Ilíada” e “Uma outra Odisseia”, faz-se certo paralelo com essas duas obras de Homero, na medida em que se passa a estudar e entender os diversos entrelaçamentos entre as narrativas míticas gregas correlacionadas à Medicina e a incorporação dessas figuras, principalmente da figura de Quíron, pelo médico a partir do Juramento, tenha ou não consciência desse processo.
O livro “Humanização da Medicina e seus Mitos” tem sido usado por diversos cursos de várias instituições para discutir a questão da Humanização da Medicina, incluindo o próprio “mito da humanização”.
No ano de 2016 pretende-se lançar a segunda edição desse livro.

sábado, 10 de outubro de 2015

Martins Fontes – Poesia 2


Crepúsculo

Alada, corta o espaço uma estrela candente.
As folhas fremem. Sopra o vento. A sombra avança.
Paira no ar um langor de mística esperança
e de doçura triste, inexprimivelmente.

À surdina da luz irrompe, de repente,
o coro vesperal das cigarras. E mansa,
E marmórea, no céu, curvo e claro, balança,
Entre nuvens de opala, a concha do crescente.

Na alma, como na terra, a noite nasce. É quando,
da recôndita paz das horas esquecidas,
vão, ao luar da saudade, os sonhos acordando...

E, na torre do peito, em plácidas batidas,
melancolicamente, o coração chorando,
plange o réquiem de amor das ilusões perdidas.
                                                                        (Verão)

Fonte bibliográfica: Martins Fontes - Poesia. Coleção Nossos Clássicos. Direção de Alceu Amoroso Lima e Roberto Alvim Correa. Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1959. 

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Martins Fontes - Poesia


O Espírito da Matéria

Também as catedrais são sinfonias:
Rege a massa coral da arquitetura
a divinização da partitura;
e ambas se irmanam por analogias!

O alegro, o adágio, o andante, a tessitura,
o arco, o fuste, o florão... Alegorias
que, pela execução das harmonias,
timbram exatas, no esplendor da altura!

E, pelos olhos, as orquestras se ouvem.
E, pelo ouvido, a torre se levanta,
para que os sonhos da matéria louvem!

E, na sua amplitude sacrossanta,
a alma de um Brunelleschi ou de um Beethoven,
fulge na pedra, quando a pedra canta!
                                                    (A Canção de Ariel)

Fonte bibliográfica: "Martins Fontes - Poesia". Nossos Clássicos. Direção de Alceu Amoroso Lima e Roberto Alvim Correa. Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1959. 

domingo, 4 de outubro de 2015

Dados biográficos do escritor Martins Fontes


1884 – 23 de Junho: nasce em Santos, Estado de São Paulo, o poeta José Martins Fontes.

1889 – Faz estudos primários com sua mãe D. Isabel Martins e, depois, com seu pai, Dr. Silvério Fontes, médico, sociólogo, jornalista.

1892 – 1 de Maio: estreia do menino como orador, lendo, no “Centro Socialista”, um hino a Castro Alves.

1898 – Adolescente, tendo frequentado os colégios de Leopoldina Coelho, Eugênio Porchat e Tarquínio Silva, transfere-se para o Ginásio Nogueira da Gama, em Jacareí.

1901 – Concluídos os seus estudos de ginásio, matricula-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Durante os anos de estudante, trabalha na “Gazeta de Notícias”, no “O País”, na revista “Careta” e em outros periódicos.

1906 – Doutorando-se, inicia sua carreira como interno na clínica do Dr. Juliano Moreira, no Hospital de Alienados.

1908 – Toma parte, como médico, na Comissão de Obras do Acre, sob a direção de Bueno de Andrade.

1910 – É designado chefe da Assistência Escolar da Prefeitura carioca, auxiliar de Oswaldo Cruz na profilaxia urbana do Distrito Federal.

1914 – Funda, com Olavo Bilac, uma Agência Americana, para serviço de propaganda dos produtos brasileiros em Paris, Havre, Hamburgo, Nova York, etc.

1915 – Passa a residir, de novo, em Santos.

1917 – Publica seu primeiro livro, “Verão”.

1919 – Casa-se com D. Nicota Neto.

1922 – Aparecimento de “Arlequinada”, uma representação em que ele mesmo toma parte.

1923 – Visita de Vargas Vila ao poeta, em Santos.

1924 – Eleito para a Academia de Ciências de Lisboa.

1926 – Publica “Vulcão” (poemas).

1930 – Acompanha Júlio Prestes em viagem que este, então eleito Presidente da República, fez à Europa e Estados Unidos.

1931 – Publica “A Flauta Encantada”.

1933 – Publica “Sombra, Silêncio e Sonho”.

1937 – (Início do Ano): visita de Vilaespesa. – 25 de Junho: falece Martins Fontes em sua cidade natal, Santos. 

Fonte bibliográfica: "Martins Fontes - Poesia" - Coleção Nossos Clássicos - Direção de Alceu de Amoroso Lima e Roberto Alvim Correa. Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1959.