domingo, 22 de abril de 2012

Sobre “O livro, a produção e a circulação da cultura” de A. P. Quartim de Moraes


Foi publicado no “Estado de São Paulo” em 26 de março de 2012 o artigo de A.P. Quartim de Moraes intitulado “O livro, a produção e a circulação da cultura”.
Fazemos aqui um breve resumo desse artigo por ser de grande importância para “escritores pouco lidos”.
O autor inicia comentando que a sua frequente abordagem, no Espaço Aberto do jornal O Estado de São Paulo, do que chamou de “vicissitudes do mercado editorial brasileiro”, insere-se no amplo contexto da “formação cultural do país”. Ele considera a formação cultural do país um processo “angustiante e ainda incipiente”. Assinala, assim, uma forma importante de enxergar a cultura brasileira, ou seja, algo ainda em andamento, inacabado, que já tem um passado, mas que não está ainda solidamente elaborado.
Lembra o autor que o fenômeno universal de formação cultural nas sociedades modernas está ligado aos “processos de educação formal” e à “produção e circulação da cultura”. Assinala que nos países jovens como o Brasil, onde ainda há uma procura de identidade cultural, “ há um enorme descompasso entre produção e circulação de cultura”. Entende que a produção da cultura e das artes é rica, mas o acesso por parte da população ainda é precário.
Para acentuar esse discurso, Quartim de Moraes cita o livro do cineasta e escritor Mário Kuperman Fracasso de Bilheteria (Editora Marco Zero, 2007), com apresentação do sociólogo Danilo Santos de Miranda. São feitas citações dessa obra a respeito de interesse no consumo banalizante de produtos culturais que não têm “capacidade de transformação social”, e “sem limites éticos para o desenvolvimento humano”. Há também a citação de atrofiada circulação da cultura por “restos de uma espécie de feudalismo intelectual”.
Quartim de Moraes refere então que no campo do mercado editorial o Brasil tem cada vez menos a comemorar, pois há uma preocupação maior com os negócios do que com a missão civilizadora do livro. Acentua que a produção literária brasileira é ampla, diversificada e de qualidade, mas encontra percalços no mercado editorial, e, nesse aspecto, está longe de se ombrear com o que é produzido no mundo. Ele diz que os originais chegam aos editores, mas eles conseguem publicar uma parcela mínima, pois tropeça-se na produção editorial, de modo que as grandes casas publicadoras, “ responsáveis por alimentar a circulação da maior parte dos livros destinados ao varejo”, estão muito comprometidas com uma produção voltada ao retorno financeiro e não buscam um equilíbrio entre potencial de vendas e qualidade de conteúdo. Dedicam à boa literatura brasileira  apenas “ uma fração das centenas de milhares de dólares” que investem em best-sellers estrangeiros.
Conforme o autor, essa é uma “face perversa do nosso capitalismo subdesenvolvido”. Ele considera que a única coisa que pode mudar isso é o “comportamento do leitor brasileiro”. Assinala que isso certamente passa por promoção de nível de instrução da população de modo que se possa compreender que para se realizarem como seres humanos o consumo de boa literatura é tão importante (eu diria até talvez 'mais‘...) quanto “o acesso a eletrodomésticos, viagens”, etc. Termina dizendo que ações dessa natureza estão ao alcance de todos.

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