quinta-feira, 12 de abril de 2012

Soneto de Jorge de Lima: mangue.

Mangue
            Jorge de Lima - 1916

Como se nasce plátano ou carvalho
Eu nasci mangue no meu pátrio solo.
Enquanto alteio em meu louvor um galho
Trinta raízes de alicerce atolo.

Outros são glórias, eu apenas valho
Esse rochedo humílimo que rolo:
Viver comigo, para o meu trabalho,
Fincar-me às ribas deste meu Pactolo...

Deixar que os outros sejam leito e altar,
Ostentem galas, pomo grato às gentes,
Ornem a fronte dos que vão casar;

Para meu gozo, quero ser raiz,
Ser galho tosco, distribuir sementes,
Conquistar solo para o meu país.

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