domingo, 14 de outubro de 2012

Guilherme de Almeida: o moderno esquecido


Guilherme de Almeida (1890-1969), escritor, cronista, crítico, tradutor, além de Promotor Público formado na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, é uma figura pouco lembrada hoje em dia na produção literária brasileira. Esquecimento esse um pouco estranho para alguém que, em 1959, chegou a ser escolhido como o ”príncipe dos poetas brasileiros”.
Um dos supostos motivos para a pouca ênfase em tal escritor pode ter sido o fato dele ter se alistado como soldado na Revolução Constitucionalista, também chamada de Guerra Paulista, em 1932.
Por muitos anos houve certa confusão entre quem teriam sido os “conservadores” e os “revolucionários” em torno dos movimentos políticos ocorridos nas décadas de 1920 e 1930. 
A partir de 1930, passa a ser construída a imagem de Getúlio Vargas e os getulistas denominaram o que teria precedido esse tempo de “República Velha”, sendo que, a própria ditadura de fato de Getúlio, a partir de 1937, passou a chamar sua condição política de “Estado Novo”. Devemos atentar para que comumente os movimentos neoconservadores atribuem a si nomes precedidos pelos adjetivos “novo” e “nova”, onde, na verdade, promovem algum retrocesso a situações em variados graus de tirania. Tais manobras acabam confundindo quem promove quais coisas na história. 
Embora seja bastante repetido que a “modernidade” tecnológica e industrial chegou ao Brasil através de Getúlio Vargas, na verdade esses processos ocorreram antes, durante e depois da Era Vargas.
Com a força da história de construção getulista, aqueles que lhe opuseram ficaram com certa marca negativa de “conservadores”. De certo modo, essa marca ficou parcialmente e falsamente aliada a Guilherme de Almeida.
A reconstrução histórica pró-getulista também procura diminuir o caráter “modernista” dos que fizeram a Semana de Arte Moderna de 1922. Ocorre que, aqueles que lá estavam organizando esse evento viviam imersos nas coisas de seu próprio tempo, enxergando com seus próprios olhos aquilo que nesse período considerava-se como “moderno”. Esse foi um evento que ocorreu na famigerada “República Velha”. Não se quer aqui tirar os defeitos dessa República, mas deve-se lembrar que esse tempo foi bem mais complexo do que uma simples divisão entre antes e depois de Getúlio.
Voltando a Guilherme de Almeida...
Nasceu em 1890 em Campinas, Estado de São Paulo. Formou-se em 1912 na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo e atuou na área do Direito até 1923, quando passa a dedicar-se à atividade de escritor. Tem sua estreia literária em 1916 com as peças de teatro escritas com a colaboração de Oswald de Andrade intituladas Mon Coeur Balance e Leur Ame, editadas na obra Théatre Brésilien. Em 1917 lança seu primeiro livro de poemas Nós. Sua obra prossegue e em 1922 participa ativamente da Semana de Arte Moderna. Foi um dos fundadores da revista Klaxon, publicação porta-voz do movimento, sendo que criou a capa do periódico, além de propagandas de patrocinadores em concepções artísticas de vanguarda.
Mais dados biográficos continuam no próximo texto.
Parte da bibliografia foi embasada em texto no site da Casa Guilherme de Almeida.

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