domingo, 12 de maio de 2013

Sobre o artigo "No Rumo das Trevas" de A.P. Quartim de Moraes


Em 29 de Abril de 2013 foi publicado um artigo de A.P. Quartim de Moraes no jornal O Estado de São Paulo, artigo esse intitulado “No Rumo das Trevas”.
Ele inicia o texto comentando sobre comercial de TV no qual um pai, “empenhado na educação do filho pequeno”, chega com três grossos livros e coloca-os sobre a cadeira. O filho senta sobre os livros para ficar na altura adequada para acessar o computador. Quartim de Moraes adverte então que quem não ficou chocado com essa história pode parar de ler seu artigo imediatamente, pois ele vai falar de “coisas fora de moda, como o livro”. Acrescenta que considera irresponsabilidade a aprovação de tal comercial pela empresa de telecomunicações.
O autor refere não ter dúvidas que esse comercial é perfeitamente compatível com a “ética empresarial” do mundo dos negócios em que “acima de qualquer valor humano predomina a implacável razão de mercado”. Diz que algumas corporações conseguem disfarçar sua obsessão por metas de faturamento sob certa “responsabilidade social” à qual destinam “alguns trocados das verbas de marketing e vendas.
Ele considera então imperdoável a irresponsabilidade de desqualificar o livro, que considera como “o maior símbolo de saber e conhecimento”. Tal desqualificação ele acha até pior do que a queima de livros por motivos políticos.
Diz que as conquistas tecnológicas das últimas décadas são valorizáveis, mas que historicamente ainda não substituem plenamente o livro. Recorda então o lançamento no fim do século XX do CD-ROM, que supostamente viria a substituir o livro. Atualmente o e-book é esse candidato, mas acrescenta: quem pode garantir que não surja amanhã um novo gadget que transforme o e-book em peça de museu?  
Assim, cita Umberto Eco que diz que “o livro é como a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Você não pode fazer uma colher melhor do que uma colher”.
Frisa a importância do livro para o saber e para o que significa o ser humano, embora aqueles que ele chama de “fundamentalistas do mercado” considerem o supra sumo da ambição humana “ter uma casa com um carro na garagem”.
Acentua que essa visão humanística “fora de moda” só estará sepultada no dia em que acabarem com o livro. Critica o big business editorial para o qual livro bom é livro que vende bem. Desse modo, o publicitário e seu cliente daquele comercial logo atingirão seu intento. Conclui assim, com brilhante ironia, dizendo que “estaremos então penetrando as trevas depois de termos percorrido vários tons de cinza”.


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