segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aluísio Azevedo - parte 2

No panorama do romance brasileiro, a obra de Aluísio Azevedo, a partir de “O Mulato”, é a que melhor representa a escola naturalista.
Em língua portuguesa essa escola iniciou-se com “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz, publicado inicialmente na Revista Ocidental de Lisboa, em 1875, e no ano seguinte divulgado em livro. Esse livro abriu caminho também para uma luta contra o clero por meio do romance.
Paris, que deu o modelo do romance naturalista com Emile Zola, também inspirou o movimento anticlerical.
Seis anos depois da publicação de Eça de Queiroz, Aluísio Azevedo publicou “O Mulato” em S. Luís do Maranhão.
Filho do vice-cônsul português Davi Gonçalves de Azevedo, Aluísio revela desde cedo inclinação artística para o desenho e a pintura. Aos quatorze anos, depois de trabalhar no comércio, ele estuda pintura com Domingos Tribuzzi, artista italiano radicado em S. Luís. Em 1876 vai ao Rio de Janeiro para estudar na Academia Imperial de Belas Artes. Inicia aulas como ouvinte ao mesmo tempo em que, em 13 de maio, também trabalha como caricaturista em O Fígaro e O Mequetrefe. Concomitantemente surge o poeta que escreve:

Meu coveiro, já teu braço
Não te custa levantar?
Não te pede do cansaço
O corpo teu descansar?

- Não me pesa passageiro,
Não me custa trabalhar,
Ganho nisto meu dinheiro
Tenho gente a sustentar.

Este tom ultrarromântico como o poeta português Soares de Passos, de “O Noivado no Sepulcro”, não é o que melhor exprime o seu temperamento. Nesse período tem sua primeira investida contra o clero, em poema intitulado “A Missa”, endereçado a seus conterrâneos.
Com a morte de seu pai em 1876, vê-se obrigado a voltar a S. Luís. A partir de então deixa a pintura para ser escritor. Escolhe então a prosa e escreve seu primeiro livro: “Uma Lágrima de Mulher”. Sua narrativa de passa na Itália, terra de sua aspiração como estudioso de pintura, que não chegou a desfrutar como estudante.
Em junho de 1880 publica “O Mulato”, na tipografia de O País. O livro provoca surpresa e revolta em São Luís e aplausos na imprensa da Corte, o que o anima a partir para o Rio de Janeiro. A partir de então se consagra como escritor e publica vários livros.
Em 1895, embora consagrado como escritor, decide ingressar no emprego público, prestando concurso para a carreira consular, na qual ingressa aprovado com distinção, trocando agora sua atividade de escritor pela de vida consular.
Em 1913, ao falecer em Buenos Aires, nada mais tinha a dizer, no plano literário, o mestre que legara às letras de seu país pelo menos uma obra-prima: “O Cortiço”.  

Referência bibliográfica: Aluísio Azevedo - trechos escolhidos. Coleção Nossos Clássicos. Editora Agir, 1963. 



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