Em uma edição (5ª) da Editora Babel do livro de Guilherme de Almeida intitulado “Poetas de França”,
no prefácio, Marcelo Tápia, estudioso de sua obra, assinala que o autor propôs
um “encontro” entre a poesia de língua francesa e a de língua portuguesa, com
as suas traduções de originais franceses. Dessa forma, considera Guilherme que
não se trata exatamente de simples tradução, mas antes de criar uma nova
poesia a partir da original. Assim, ainda conforma Tápia, Guilherme rejeita o
termo “traduzir” para poesia e prefere “reproduzir” e introduz os termos “recriação”,
“transcrição” e “transfusão” para essa forma de tradução.
Dessa obra apresentamos aqui a tradução de Guilherme de Almeida
para um original de Edmond Haraucourt:
Rondó do Adeus
Partir é morrer um pouco
Para tudo o que se adora:
Por toda parte, a toda hora,
Deixa-se a alma pouco a pouco.
É o luto de um sonho, um oco
Na vida, um verso que chora:
Partir é morrer um pouco!
E parte-se, e é um jogo, e a troco
De nada, até a última hora,
É a alma que se joga fora
A cada adeus como um louco:
Partir é morrer um pouco...
Rondel de l’adieu
Partir, c’est mourir um peu,
C’est mourir à ce qu’on aime:
On laisse um peu de soi-même
Em toute
heure et dans tout lieu.
C’est
toujours le deuil d’un voeu,
Le dernier
vers d’un poème:
Partir, c’est
mourir un peu!
Et l’on part,
et c’est un jeu,
Et jusqu’à l’adieu
supreme,
C’est son âme
que l’on sème,
Que l’on sème a chaque adieu:
Partir, c’est mourir um peu...
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