quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Guilherme de Almeida – Poeta e Tradutor


Em uma edição (5ª) da Editora Babel do livro de Guilherme de Almeida intitulado “Poetas de França”, no prefácio, Marcelo Tápia, estudioso de sua obra, assinala que o autor propôs um “encontro” entre a poesia de língua francesa e a de língua portuguesa, com as suas traduções de originais franceses. Dessa forma, considera Guilherme que não se trata exatamente de simples tradução, mas antes de criar uma nova poesia a partir da original. Assim, ainda conforma Tápia, Guilherme rejeita o termo “traduzir” para poesia e prefere “reproduzir” e introduz os termos “recriação”, “transcrição” e “transfusão” para essa forma de tradução.
Dessa obra apresentamos aqui a tradução de Guilherme de Almeida para um original de Edmond Haraucourt:

Rondó do Adeus

Partir é morrer um pouco
Para tudo o que se adora:
Por toda parte, a toda hora,
Deixa-se a alma pouco a pouco.

É o luto de um sonho, um oco
Na vida, um verso que chora:
Partir é morrer um pouco!

E parte-se, e é um jogo, e a troco
De nada, até a última hora,
É a alma que se joga fora
A cada adeus como um louco:
Partir é morrer um pouco...

Rondel de l’adieu

Partir, c’est mourir um peu,
C’est mourir à ce qu’on aime:
On laisse um peu de soi-même
Em toute heure et dans tout lieu.

C’est toujours le deuil d’un voeu,
Le dernier vers d’un poème:
Partir, c’est mourir un peu!

Et l’on part, et c’est un jeu,
Et jusqu’à l’adieu supreme,
C’est son âme que l’on sème,
Que l’on sème a chaque adieu:
Partir, c’est mourir um peu...

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