segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Literatura: cultura inútil ? – Parte 3


Em 29 de Dezembro de 2012, na seção “Ilustrada” do jornal “A Folha de São Paulo” foi publicado um artigo intitulado “Área Vip”.
Tal artigo refere-se a um procedimento que tem sido cada vez mais comum no Brasil há uma década, que é o aluguel de espaços privilegiados nas livrarias, aluguel esse pago por editoras, para a exposição de seus títulos. 
Ainda conforme o artigo, a disputa cada vez mais acirrada entre grandes editoras fez esse mercado sofrer reajustes muito acima da inflação.
Em reportagem da “Ilustrada” em 2006 consta que as editoras pagavam dois mil reais para exporem as obras por 15 dias. O valor hoje pode chegar a dez mil reais, ou seja, um aumento de 400% concomitante a menos de 40% da inflação no mesmo período. 
Com isso, conforme as palavras de um entrevistado na reportagem, a exposição do livro, que se devia mais ao gosto ou ao relacionamento do livreiro, passou a virar “Um negócio à parte”.
Todo esse processo está sendo chamado de “profissionalização” das livrarias. 
Isso nos leva a perguntar: será que antes disso elas não eram “profissionais”?
Dessa forma, – este é comentário nosso – leitores passam abismados entre pilhas e pilhas de exemplares do mesmo livro; passam por gôndolas, mesas e estantes com exemplares do mesmo livro... Assim, de certa forma, acaba por “constatar” que se torna “irresistível” ter que dar uma espiada no que parece ser uma obra “espetacular”... Torna-se quase “inevitável” comprar um exemplar...
Em outro texto, junto a esse da “Ilustrada” de dezembro de 2011, há comentários dos editores pequenos que se queixam de que esse modelo sufoca a diversidade e a possibilidade de divulgar suas obras diante dessa ferrenha concorrência. Há a menção de compras de editoras por outras que lembram o sucedido no filme de 1998 “You’ve got mail”, embora se trate de livrarias. Será que a permanência daquela livraria menor, tradicional, seria apenas um romantismo perdido?
Diante disso tudo, será que ainda importa a literatura em si? 

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