sábado, 1 de julho de 2017

Escritor Matias Aires – contexto histórico e estudo crítico


Contexto histórico

     Matias Aires é um homem do século XVIII e um homem que teve contatos com o mundo europeu, donde a necessidade de sua localização histórica dever fazer-se, preliminarmente, em função da Europa. Produzindo obra de pensamento, torna-se óbvio que a situação histórica em que se envolverá acarreta uma apresentação da própria história do pensamento humano no século XVIII.
     Século rico de movimentos ideológicos e intelectuais, o século do Iluminismo e do Rococó tem a seu favor constituir uma etapa decisiva da evolução do pensamento ocidental. O século XVIII parece, à primeira vista, uma época de prazeres. As telas de Fragonard, continuando Watteau, apresentam-nos uma sociedade saciada e fútil, à procura de prazeres imediatos, de luxo e amor fácil; porém o século era, na sua estrutura básica, apesar do minueto que se dançava nos ricos salões de Luís XIV, uma época que, no setor do pensamento humano, representava o ápice de um longo processo intelectual para a consolidação definitiva de uma ideologia sustentada há séculos, com inúmeros esforços, pela classe burguesa.
     Para o entendimento deste processo ideológico, é necessária a recapitulação das lutas burguesas, obrigando-nos mesmo a um recuo aos tempos medievais, pois é na disciplinada e estática sociedade feudal que surgiu, revolucionário, no Mercado e na Cidade, “o burguês”, cujo padrão de vida era oposto aos ideais de vida do Castelo, pois exigia preliminarmente liberdade, dada a função de fazer ressurgir o comércio e ter lucros, e tinha de destruir o entrave da vida feudal, então caracterizada por uma economia local e de subsistência.
     Foi o “movimento burguês” que corroeu a sociedade feudal. Para isso lhe foi necessário criar uma filosofia social sua. No longínquo século XII, já surgia uma chamada burguesia legista, que recuperava o Direito Romano, na forma bizantina, dando a arma ideológica para o esforço dos reis que tentavam erguer-se num novo poder centralizador.
     É no século XVI que se consolida o processo, e podemos observar pela primeira vez uma vitória burguesa com a formação de vários estados fortes na Europa: Portugal de D. Manuel, Espanha de Felipe II, a França de Francisco I e Henrique IV e a Inglaterra dos Tudor, representam o esfacelamento completo do sistema feudal (Não foram sem lutas os últimos anos: os Tudor entraram no poder por meio da sangrenta guerra das Duas Rosas, vencendo e ganhando a Coroa numa típica guerra feudal terminada em 1485; na França, o habilidoso Luís XI vencera, em guerra interna, a Carlos o Temerário, o último dos Grandes Senhores, então Duque de Borgonha, e na Espanha os reis católicos, de Castela e Aragão, Fernando e Isabel, realizavam a última Cruzada contra os mouros, vencendo Granada em 1492).
     Porém, os monarcas do Absolutismo não terminavam uma sociedade: sobrepunham a ela novos costumes, deixando prevalecer privilégios da nobreza antiga, que agora adaptada, transformara-se numa “nobreza de robe”, isto é, servidora imediata do rei que a substituía, com novos privilégios, à antiga classe agrária-feudal.
     A burguesia tinha, assim, uma vitória no estado centralizado e um entrave na nova classe surgida, que então, dado o incremento da política Mercantilista, criadora de Monopólios, tornara-se a manobradora desta nova economia, intimamente ligada com a alta burguesia mais ou menos enobrecida. Os exemplos são tirados em Portugal de D. João III, e na Espanha de Carlos V, preocupados com Monopólios nas Índias e Américas, e a política francesa desde Sully até Colbert.
     O século XVII torna-se um século pessimista. As duas correntes clássicas de pensamento – burguesa e nobre – sentiam-se numa luta final pela sobrevivência. O estado absoluto, arma de dois gumes, atirara definitivamente uma contra a outra, ora se valendo do Mercantilismo, ora das doutrinas fisiocráticas que viam a riqueza apenas nas dádivas do solo. Além disso, a política mercantilista e monopolizadora do Estado, intervindo na economia, cerceava a liberdade da iniciativa privada, ideal máximo do burguês.
     Na Inglaterra, a luta entre a nobreza e a burguesia tem as suas ideias formuladas mais claramente. A nobreza, querendo agora o estado forte, e a burguesia o estado liberal. Hobbes e Locke serão os dois porta-vozes das ideias em que se digladiaram, no século XVIII, nobreza e burguesia. Hobbes dava, em defesa do absolutismo Stuart, dentro de princípios novos e na crença do Contrato Social, os alicerces da teoria materialista do absolutismo, que iria somar-se às ideias do Direito Divino espalhadas por Bossuet na França. Já Locke, partindo da mesma premissa do Contrato Social, porém interessado em dar lastro teórico à revolução de 1688, que derrubara definitivamente o absolutismo inglês, ao destronar o último Stuart, esboçava toda a teoria do liberalismo. Na própria Inglaterra, também surgirá o economista Adam Smith que apresentaria as normas clássicas da Economia burguesa, justificando a Livre-Concorrência e a Lei da Oferta e da Procura.
     A necessidade mais premente desta liberdade burguesa é o Liberalismo que surgirá vigoroso no século XVIII, liberalismo que admite inclusive o soberano absoluto, desde que o mesmo se sirva do absolutismo para criar o mundo burguês. Isto explica o fenômeno conhecido como o “Despotismo Esclarecido”, lembrando-se que os déspotas foram admirados e eram admiradores dos principais pensadores revolucionários do liberalismo: Catarina II manteria correspondência com Diderot e Voltaire, e este é amigo do Imperador Frederico II.
     É este o ambiente que Matias Aires encontrará na Europa e mesmo em Portugal, ,então governado pelo Marquês de Pombal, aplicando a forma lusitana do Despotismo Esclarecido (sem o que talvez não fosse nem mesmo possível a publicação de um livro como as Reflexões). E na França encontra o Liberalismo revolucionário em fermentação e, ante esse quadro, uma nobreza que, convicta da decadência, vive a vida com a rapidez e a futilidade rococó dos famosos quadros de Fragonard.
     Matias Aires, como os homens de sua geração, se apresenta ante um mundo convulso cheio de novas ideologias – ante o utopismo que se representará mais tarde principalmente com Jean Jacques Rousseau, ante a crença dos burgueses enciclopedistas, como d’Alambert, Voltaire, Diderot, mas também ante um  ranço pessimista que sobrevém do século XVII, onde a nobreza descrente começava a sentir o desencanto do mundo, como o Duque de La Rochefoucauld, que na opinião quase unânime dos críticos é o que mais refletirá na obra de Matias Aires, cujas Reflexões aparecem em 1752.
     Da terra em que nasceu, o ambiente histórico é o da Colônia rica, onde o ouro existia. Sobre a escravidão distribuída entre as fazendas e as minas erguia-se uma sociedade de funcionários e de senhores de terras, pessoas ligadas à burguesia por laços de sangue, mas, dentro do padrão de vida da colônia escravocrata-latifundiária, mais privilegiadas talvez que qualquer nobreza europeia. Filho de funcionários de São Paulo, Matias Aires será – como fora La Rochefoucauld, embora nosso autor seja um burguês – uma mentalidade expressiva de um sentimento de nobreza descrente e entediado, como seriam todos os pensadores setecentistas que não viviam o sonho entusiasmado dos ideais liberais. 

Estudo Crítico

I – Sentido da obra
     No século XVIII o mundo intelectual se dividia em duas correntes: uma, esperançosa e liberal; outra pessimista, descrente, ao ver que desde o século XVI, onde a humanidade renascentista pusera toda a sua fé no futuro dos homens, nada de realmente novo se positivara. Assim, publicado em 1752, o livro de Matias Aires atendia ao interesse de muitos leitores, e por isto foi um livro de sucesso. Desde o século XVI eram comuns os livros, a maioria despretensiosos, que procuravam, sem os embaraços de obra positivamente filosófica, a utilidade e a verdade do homem sobre a terra; por exemplo, em 1654, publicava-se na França um sugestivo trabalho intitulado “Como adquirir a Paz no Matrimônio”, tipo de obra comum, e além destes livros de “experiência”, publicavam-se esmeradas lições de etiqueta e os livros tidos como práticos e conselheiros, tais como os que continham regras de medicina domiciliar. Entre estes livros de moral (em geral, a partir do século XVII, pessimistas, com ranço de profunda ironia, fazendo a ligação entre Molière e Voltaire) se enquadrará a obra de Matias Aires.
     O homem mau foi constante nos filósofos do pessimismo no século XVII. Hobbes vira no homem anterior ao “contrato social” o “homo homini lupus”, enquanto Locke admitira, para conclusões antagônicas, o mesmo egoísmo e a mesma maldade no “homem natural”. Mentalidades clássicas, eles procuravam a versão do homem natural em autores da antiguidade, e Tucídides, que Hobbes estimava e traduzira, fornecera o material fonte para tal conceito.
     No século XVII, é permanente a alusão ao homem guiado pela falta de princípios: “os vícios entram na formação das virtudes como os venenos entram na composição dos remédios”, explicaria La Rochefoucauld, e Madame Sevigné, La Bruyère, e outros, nos deixaram claro que acreditavam na maldade inata do “Homem Natural”, premissa que se tornou o lugar comum até que a pena de Jean Jacques Rousseau o viria defender, mas já na segunda metade do século XVIII.
     Do princípio do homem mau saía a vontade de desmascará-lo,  apresentando-o como ligado a um vício; Matias o tem preso à vaidade.
     É difícil examinar se Matias Aires queria realmente, por convicção da impossibilidade de se corrigir o que restava de vicioso no do “Homem Natural” antigo, apresentar-nos uma extensa filosofia da Vaidade, formando assim, como já apontou um crítico, de um aspecto parcial uma filosofia do todo. Mas há também quem tenha lembrado que a crítica social às vezes formulada usava, por ironia, a impressão da crença num aspecto parcial, aparentemente desprezível, para o ridículo do Todo. Lembramos que este processo era velho. Já Erasmo utilizara-o no seu Elogio da Loucura, no século XVI.
     Seria Matias Aires um convicto da vaidade, tal como – diz um outro crítico atual [anos 1960] – Marx crerá na Economia e Freud na libido, no século XIX? Ou Matias Aires, como humanista, que indiscutivelmente era, lançara mão da Vaidade na sua obra, como Erasmo da Loucura? Ou, podemos pensar ainda, sua Vaidade servia para uma renovação do Eclesiastes, formulando, numa apresentação ao gosto do século em que vivia, a lembrança de uma “Verdade Eterna”?
     Com qualquer intenção, surgia novamente o tema da vaidade estigmatizando o homem imperfeito; usava-se Matias Aires para apresentar sua descrença, seu ceticismo no homem, seu pessimismo enfim. Este pessimismo é que provocou lembrarem-se seus críticos de estar sua obra, do ponto de vista da temática, mais ligada ao século XVII do que ao XVIII. Estava o autor como à “cavaleiro entre os dois séculos”. Isto melhor explica de como o livro, com a temática pessimista oriunda do século anterior, era simultaneamente um livro atual, obtendo assim o êxito de várias edições. O tema, afinal, não era totalmente explorado. O livro realmente só veio a cair no esquecimento no século XIX: pois a definitiva vitória liberal e o individualismo que se seguiu, a crença absoluta na missão e na perfeição do homem que surgiria no século do romantismo, tornaram o livro repentinamente antiquado.

II – A linguagem e o estilo

     O “clássico” da língua.
     Desde o redescobrimento de Solidônio Leite, tornou-se lugar comum incluir Matias Aires entre os “clássicos” da língua.
     Cândido Jucá (filho) com a sua autoridade de filólogo, é dos raros que, apontando o exagero de tal atitude, lhe delimitam convenientemente os méritos (A Literatura no Brasil, vol 1, t. 1, págs, 520 e 521).
     Na verdade, por mais que se estenda o conceito de “clássico”, sempre seria impróprio aplicá-lo a Matias Aires: 1º - é ele antes barroco do que neoclássico; 2º - não tem a sua obra aquelas características de genialidade, ou talento ímpar, que a tornem representativa de uma época; 3º - não é modelar a sua linguagem, enfeiam-na solecismos, é um tanto arcaizante, e nem sempre se distingue pela limpidez; os períodos são por vezes excessivamente sobrecarregados, tirando-lhe ao estilo a maciez e ductilidade apregoada por alguns.
     Sirvam de amostra, quanto à correção da linguagem, estas passagens:
     “Nisto se vê dois efeitos contrários” (fragm. 11, pág. 13 da 1ª ed.);
     “Mal pode caber na lembrança dos homens todos os grandes sucessos de que se compõe a variedade do mundo” (fragm. 26, pág. 29 da 1ª ed.);
     “A falta de Religião consiste em se não temer a Deus, a falta de costumes resulta de se não temer os homens” (fragm. 75 – 17 desta edição - , pág. 98 da 1ª ed.);
     “Se os olhos e os ouvidos se distraem, e alucinam, que outros sentidos temos nós que os haja de conter, ou os faça retratar?” (fragm. 112 – 37 desta edição – págs. 205-6 da 1ª ed.);
     “Mas de quantas ações fará menção a história, que jamais se viram? / ... / E de quantos nomes, que nunca houveram?” (fragm. 144 – 46 desta edição - , pág. 363 da 1ª ed.).
     Conforme os autores desta crítica, o vocabulário das Reflexões, é bastante parco, nada justificando a sua inclusão entre as obras básicas para a elaboração do Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa – resolução que estes autores consideram como o ponto de partida para a “ressureição” da obra de Matias Aires.
     Ainda conforme os autores, não tem Matias Aires singularidade marcante de estilo: sua linguagem é comum, bastante clara, embora às vezes algo arcaizante, aproximando-se mais da prosa seiscentista, de que conserva, por vezes, certas construções barrocas.
     Emprega sempre algumas formas já caídas em desuso à sua época: fermoso, fermosura, valeroso, desemparar, ventagem, a fantasma, o hipérbole; nas orações de voz passiva pronominal antepõe, contra o uso moderno mais geral, o sujeito ao verbo: “Uma grande pena admira-se, e respeita-se” (fragm. 18); “O vício pratica-se ocultamente” (fragm. 68).
     Sua pontuação é também antiquada, e menos coerente que a de prosadores do século anterior, como Bernardes, Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Frei Luís de Sousa.
     Revelam artifício barroco certas construções como estas: “A ciência humana o mais a que se estende, é ao conhecimento, de que nada se sabe: é saber o saber ignorar, e assim vem a ciência a fazer vaidade da ignorância” (fragm. 14); “Bem se pode dizer, que o juízo é o mesmo que entendimento, porém é um entendimento sólido; por isso pode haver entendimento sem juízo, mas não juízo sem entendimento: o ter muito entendimento às vezes prejudica, o ter muito juízo sempre é útil: o entendimento é a parte que discorre, porém pode discorrer mal: o juízo é a mesma parte que discorre, quando discorre bem: o entendimento pensa, o juízo também obra; por isso nas ações de um homem conhecemos o seu juízo, e no discurso lhe vemos o entendimento: o juízo duvida antes que resolva, o entendimento resolve primeiro que duvide; por isso este se engana pela facilidade com que decide, e aquele acerta pelo vagar com que pondera (fragm. 15). Conforme M. L. Belchior Pontes, Frei Antônio das Chagas – Um Homem e um Estilo do século XVII, cap. X.
     Uma particularidade de notar é a frequência da antecipação do complemento verbal, mais comumente sem relembrá-lo pleonasticamente. Vejam-se, de amostra, estes dois exemplos (do Prólogo): “A maior parte destas Reflexões escrevi sem ter o pensamento naquela vaidade”; “E esta promessa entro a cumprir já”. – Com pleonasmo em forma de pronome átono é bem menos frequente a antecipação, ao contrário do que acontece em autores do século XIX: “A constância da virtude não a devemos à vontade, mas ao receio”. (fragm. 21); “À mulher todos a idolatram por formosa” (58); “A virtude não a queremos de graça” (119).
     Ressalvado tudo isso, não lhe podemos negar à linguagem, entretanto, uma fluência persuasiva (o leitor há de verificá-lo), originária menos do estilo do que da sua habilidade dialética, da qual nem sempre é fácil desenredar-nos.
    Se de um lado, a linguagem e o estilo de Matias Aires nada têm de excepcional, por outro lado só é de louvar a sua redescoberta, por nos ter ela trazido, com as reedições das Reflexões, o primeiro pensador brasileiro (só de nascimento, aliás, porque todo europeu na educação e sentimento), ainda hoje “extraordinariamente atual e vivo” [década de 1960] graças à saborosa perspicácia da sua análise da alma humana, em certos aspectos imutável através dos tempos.     

     Os temas

     Partindo do leit motiv “vaidade”, aborda variados temas, com os quais vem ela mesclada, uma vez que, para ele, é a vaidade, ainda que às vezes paradoxalmente, que nos leva a uma série de paixões e vícios, e instituições:
    Ao amor próprio: “Nasceu o homem para viver em uma contínua aprovação de si mesmo. A vaidade parece-se muito com o amor próprio, se é que não é o mesmo; e se são paixões diversas, sempre é certo que ou a vaidade procede do amor próprio, ou este é efeito da vaidade” (fragm. 10 da 1ª ed.).
     A glória: “Vivemos com vaidade, e com vaidade morremos; arrancando os últimos suspiros, estamos dispondo a nossa pompa fúnebre, como se em hora tão fatal o morrer não bastasse para ocupação: nessa hora, em que estamos para deixar o mundo, ou em que o mundo está para nos deixar, entramos a compor, e a ordenar o nosso acompanhamento e assistência funeral; e com vanglória antecipada nos pomos a antever aquela cerimônia, a que chamam as Nações últimas honras, devendo antes chamá-la vaidades últimas” (fragm. 2 da 1ª ed.).
     A sociedade: “Nada contribui tanto para a sociedade dos homens, como a mesma vaidade deles: os Impérios, e Repúblicas, não tiveram outro princípio em que mais seguramente se fundassem: na repartição da terra, não só fez ajuntar os homens os mesmos gêneros de interesses, mas também os mesmos gêneros de vaidades, e nisto se vê [sic] dois efeitos contrários; porque, sendo próprio na vaidade o separar os homens, também serve muitas vezes de os unir” (fragm. 11 da 1ª ed.). – “A vaidade sempre foi origem de nossos males; mas primeiro que a vaidade, foi o comércio comum das gentes; porque dele resulta a vaidade como contágio contraído no trato, e conversação dos homens” (fragm. 38 da 1ª ed.).
     E até a mesma virtude: “A vaidade, por ser causa de alguns males, não deixa de ser princípio de alguns bens: das virtudes meramente humanas, poucas se haviam de achar nos homens, se nos homens não houvesse vaidade” (frag. 8 da 1ª ed.).
     E assim à nobreza [nº 45 dentro da edição em que este texto se baseia], à justiça (nº 43), à tirania (nº 11), à inveja (nº 8)...
     Não deixa de causar certa estranheza, nas reflexões acerca do amor, sabê-las de um misantropo e pessimista crônico, em que não suspeitaríamos o lirismo que por elas perpassa.

Fonte bibliográfica: 
Matias Aires - textos escolhidos - Coleção Nossos Clássicos - Editora Agir - por Adriano da Gama Kury e Pedro Luiz Masi - Publicado sob direção de Alceu Amoroso Lima, Roberto Alvim Correa, Jorge de Sena, 1962. 


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