Contexto histórico
Matias Aires é um
homem do século XVIII e um homem que teve contatos com o mundo europeu, donde a
necessidade de sua localização histórica dever fazer-se, preliminarmente, em
função da Europa. Produzindo obra de pensamento, torna-se óbvio que a situação
histórica em que se envolverá acarreta uma apresentação da própria história do
pensamento humano no século XVIII.
Século rico de
movimentos ideológicos e intelectuais, o século do Iluminismo e do Rococó tem a
seu favor constituir uma etapa decisiva da evolução do pensamento ocidental. O
século XVIII parece, à primeira vista, uma época de prazeres. As telas de
Fragonard, continuando Watteau, apresentam-nos uma sociedade saciada e fútil, à
procura de prazeres imediatos, de luxo e amor fácil; porém o século era, na sua
estrutura básica, apesar do minueto que se dançava nos ricos salões de Luís
XIV, uma época que, no setor do pensamento humano, representava o ápice de um
longo processo intelectual para a consolidação definitiva de uma ideologia
sustentada há séculos, com inúmeros esforços, pela classe burguesa.
Para o
entendimento deste processo ideológico, é necessária a recapitulação das lutas
burguesas, obrigando-nos mesmo a um recuo aos tempos medievais, pois é na
disciplinada e estática sociedade feudal que surgiu, revolucionário, no Mercado
e na Cidade, “o burguês”, cujo padrão de vida era oposto aos ideais de vida do
Castelo, pois exigia preliminarmente liberdade, dada a função de fazer
ressurgir o comércio e ter lucros, e tinha de destruir o entrave da vida
feudal, então caracterizada por uma economia local e de subsistência.
Foi o “movimento
burguês” que corroeu a sociedade feudal. Para isso lhe foi necessário criar uma
filosofia social sua. No longínquo século XII, já surgia uma chamada burguesia
legista, que recuperava o Direito Romano, na forma bizantina, dando a arma
ideológica para o esforço dos reis que tentavam erguer-se num novo poder
centralizador.
É no século XVI
que se consolida o processo, e podemos observar pela primeira vez uma vitória
burguesa com a formação de vários estados fortes na Europa: Portugal de D.
Manuel, Espanha de Felipe II, a França de Francisco I e Henrique IV e a
Inglaterra dos Tudor, representam o esfacelamento completo do sistema feudal
(Não foram sem lutas os últimos anos: os Tudor entraram no poder por meio da
sangrenta guerra das Duas Rosas, vencendo e ganhando a Coroa numa típica guerra
feudal terminada em 1485; na França, o habilidoso Luís XI vencera, em guerra
interna, a Carlos o Temerário, o último dos Grandes Senhores, então Duque de
Borgonha, e na Espanha os reis católicos, de Castela e Aragão, Fernando e
Isabel, realizavam a última Cruzada contra os mouros, vencendo Granada em
1492).
Porém, os monarcas
do Absolutismo não terminavam uma sociedade: sobrepunham a ela novos costumes,
deixando prevalecer privilégios da nobreza antiga, que agora adaptada,
transformara-se numa “nobreza de robe”, isto é, servidora imediata do rei que a
substituía, com novos privilégios, à antiga classe agrária-feudal.
A burguesia tinha,
assim, uma vitória no estado centralizado e um entrave na nova classe surgida,
que então, dado o incremento da política Mercantilista, criadora de Monopólios,
tornara-se a manobradora desta nova economia, intimamente ligada com a alta
burguesia mais ou menos enobrecida. Os exemplos são tirados em Portugal de D.
João III, e na Espanha de Carlos V, preocupados com Monopólios nas Índias e
Américas, e a política francesa desde Sully até Colbert.
O século XVII
torna-se um século pessimista. As duas correntes clássicas de pensamento –
burguesa e nobre – sentiam-se numa luta final pela sobrevivência. O estado
absoluto, arma de dois gumes, atirara definitivamente uma contra a outra, ora
se valendo do Mercantilismo, ora das doutrinas fisiocráticas que viam a riqueza
apenas nas dádivas do solo. Além disso, a política mercantilista e
monopolizadora do Estado, intervindo na economia, cerceava a liberdade da
iniciativa privada, ideal máximo do burguês.
Na Inglaterra, a
luta entre a nobreza e a burguesia tem as suas ideias formuladas mais
claramente. A nobreza, querendo agora o estado forte, e a burguesia o estado
liberal. Hobbes e Locke serão os dois porta-vozes das ideias em que se
digladiaram, no século XVIII, nobreza e burguesia. Hobbes dava, em defesa do
absolutismo Stuart, dentro de princípios novos e na crença do Contrato Social,
os alicerces da teoria materialista do absolutismo, que iria somar-se às ideias
do Direito Divino espalhadas por Bossuet na França. Já Locke, partindo da mesma
premissa do Contrato Social, porém interessado em dar lastro teórico à
revolução de 1688, que derrubara definitivamente o absolutismo inglês, ao
destronar o último Stuart, esboçava toda a teoria do liberalismo. Na própria
Inglaterra, também surgirá o economista Adam Smith que apresentaria as normas
clássicas da Economia burguesa, justificando a Livre-Concorrência e a Lei da
Oferta e da Procura.
A necessidade mais
premente desta liberdade burguesa é o Liberalismo que surgirá vigoroso no
século XVIII, liberalismo que admite inclusive o soberano absoluto, desde que o
mesmo se sirva do absolutismo para criar o mundo burguês. Isto explica o
fenômeno conhecido como o “Despotismo Esclarecido”, lembrando-se que os
déspotas foram admirados e eram admiradores dos principais pensadores
revolucionários do liberalismo: Catarina II manteria correspondência com
Diderot e Voltaire, e este é amigo do Imperador Frederico II.
É este o ambiente
que Matias Aires encontrará na Europa e mesmo em Portugal, ,então governado
pelo Marquês de Pombal, aplicando a forma lusitana do Despotismo Esclarecido
(sem o que talvez não fosse nem mesmo possível a publicação de um livro como as
Reflexões). E na França encontra o
Liberalismo revolucionário em fermentação e, ante esse quadro, uma nobreza que,
convicta da decadência, vive a vida com a rapidez e a futilidade rococó dos
famosos quadros de Fragonard.
Matias Aires, como
os homens de sua geração, se apresenta ante um mundo convulso cheio de novas ideologias
– ante o utopismo que se representará mais tarde principalmente com Jean
Jacques Rousseau, ante a crença dos burgueses enciclopedistas, como d’Alambert,
Voltaire, Diderot, mas também ante um
ranço pessimista que sobrevém do século XVII, onde a nobreza descrente
começava a sentir o desencanto do mundo, como o Duque de La Rochefoucauld, que
na opinião quase unânime dos críticos é o que mais refletirá na obra de Matias
Aires, cujas Reflexões aparecem em 1752.
Da terra em que
nasceu, o ambiente histórico é o da Colônia rica, onde o ouro existia. Sobre a
escravidão distribuída entre as fazendas e as minas erguia-se uma sociedade de
funcionários e de senhores de terras, pessoas ligadas à burguesia por laços de
sangue, mas, dentro do padrão de vida da colônia escravocrata-latifundiária,
mais privilegiadas talvez que qualquer nobreza europeia. Filho de funcionários
de São Paulo, Matias Aires será – como fora La Rochefoucauld, embora nosso
autor seja um burguês – uma mentalidade expressiva de um sentimento de nobreza
descrente e entediado, como seriam todos os pensadores setecentistas que não
viviam o sonho entusiasmado dos ideais liberais.
Estudo Crítico
I – Sentido da obra
No século XVIII o
mundo intelectual se dividia em duas correntes: uma, esperançosa e liberal;
outra pessimista, descrente, ao ver que desde o século XVI, onde a humanidade
renascentista pusera toda a sua fé no futuro dos homens, nada de realmente novo
se positivara. Assim, publicado em 1752, o livro de Matias Aires atendia ao
interesse de muitos leitores, e por isto foi um livro de sucesso. Desde o
século XVI eram comuns os livros, a maioria despretensiosos, que procuravam,
sem os embaraços de obra positivamente filosófica, a utilidade e a verdade do
homem sobre a terra; por exemplo, em 1654, publicava-se na França um sugestivo
trabalho intitulado “Como adquirir a Paz no Matrimônio”, tipo de obra comum, e
além destes livros de “experiência”, publicavam-se esmeradas lições de etiqueta
e os livros tidos como práticos e conselheiros, tais como os que continham
regras de medicina domiciliar. Entre estes livros de moral (em geral, a partir
do século XVII, pessimistas, com ranço de profunda ironia, fazendo a ligação
entre Molière e Voltaire) se enquadrará a obra de Matias Aires.
O homem mau foi constante nos filósofos do
pessimismo no século XVII. Hobbes vira no homem anterior ao “contrato social” o
“homo homini lupus”, enquanto Locke
admitira, para conclusões antagônicas, o mesmo egoísmo e a mesma maldade no
“homem natural”. Mentalidades clássicas, eles procuravam a versão do homem
natural em autores da antiguidade, e Tucídides, que Hobbes estimava e
traduzira, fornecera o material fonte para tal conceito.
No século XVII, é
permanente a alusão ao homem guiado pela falta de princípios: “os vícios entram
na formação das virtudes como os venenos entram na composição dos remédios”,
explicaria La Rochefoucauld, e Madame Sevigné, La Bruyère, e outros, nos
deixaram claro que acreditavam na maldade inata do “Homem Natural”, premissa
que se tornou o lugar comum até que a pena de Jean Jacques Rousseau o viria
defender, mas já na segunda metade do século XVIII.
Do princípio do
homem mau saía a vontade de desmascará-lo, apresentando-o como ligado a um vício; Matias
o tem preso à vaidade.
É difícil examinar
se Matias Aires queria realmente, por convicção da impossibilidade de se
corrigir o que restava de vicioso no do “Homem Natural” antigo, apresentar-nos
uma extensa filosofia da Vaidade, formando assim, como já apontou um crítico,
de um aspecto parcial uma filosofia do todo. Mas há também quem tenha lembrado
que a crítica social às vezes formulada usava, por ironia, a impressão da
crença num aspecto parcial, aparentemente desprezível, para o ridículo do Todo.
Lembramos que este processo era velho. Já Erasmo utilizara-o no seu Elogio da Loucura, no século XVI.
Seria Matias Aires
um convicto da vaidade, tal como – diz um outro crítico atual [anos 1960] –
Marx crerá na Economia e Freud na libido, no século XIX? Ou Matias Aires, como
humanista, que indiscutivelmente era, lançara mão da Vaidade na sua obra, como
Erasmo da Loucura? Ou, podemos pensar ainda, sua Vaidade servia para uma
renovação do Eclesiastes, formulando, numa apresentação ao gosto do século em
que vivia, a lembrança de uma “Verdade Eterna”?
Com qualquer
intenção, surgia novamente o tema da vaidade estigmatizando o homem imperfeito;
usava-se Matias Aires para apresentar sua descrença, seu ceticismo no homem,
seu pessimismo enfim. Este pessimismo é que provocou lembrarem-se seus críticos
de estar sua obra, do ponto de vista da temática, mais ligada ao século XVII do
que ao XVIII. Estava o autor como à “cavaleiro entre os dois séculos”. Isto
melhor explica de como o livro, com a temática pessimista oriunda do século
anterior, era simultaneamente um livro atual, obtendo assim o êxito de várias
edições. O tema, afinal, não era totalmente explorado. O livro realmente só
veio a cair no esquecimento no século XIX: pois a definitiva vitória liberal e
o individualismo que se seguiu, a crença absoluta na missão e na perfeição do
homem que surgiria no século do romantismo, tornaram o livro repentinamente
antiquado.
II – A linguagem e o estilo
O “clássico” da
língua.
Desde o
redescobrimento de Solidônio Leite, tornou-se lugar comum incluir Matias Aires
entre os “clássicos” da língua.
Cândido Jucá
(filho) com a sua autoridade de filólogo, é dos raros que, apontando o exagero
de tal atitude, lhe delimitam convenientemente os méritos (A Literatura no
Brasil, vol 1, t. 1, págs, 520 e 521).
Na verdade, por
mais que se estenda o conceito de “clássico”, sempre seria impróprio aplicá-lo
a Matias Aires: 1º - é ele antes barroco do que neoclássico; 2º - não tem a sua
obra aquelas características de genialidade, ou talento ímpar, que a tornem
representativa de uma época; 3º - não é modelar a sua linguagem, enfeiam-na
solecismos, é um tanto arcaizante, e nem sempre se distingue pela limpidez; os
períodos são por vezes excessivamente sobrecarregados, tirando-lhe ao estilo a
maciez e ductilidade apregoada por alguns.
Sirvam de amostra,
quanto à correção da linguagem, estas passagens:
“Nisto se vê dois
efeitos contrários” (fragm. 11, pág. 13 da 1ª ed.);
“Mal pode caber na
lembrança dos homens todos os grandes sucessos de que se compõe a variedade do
mundo” (fragm. 26, pág. 29 da 1ª ed.);
“A falta de
Religião consiste em se não temer a Deus, a falta de costumes resulta de se não
temer os homens” (fragm. 75 – 17 desta edição - , pág. 98 da 1ª ed.);
“Se os olhos e os
ouvidos se distraem, e alucinam, que outros sentidos temos nós que os haja de
conter, ou os faça retratar?” (fragm. 112 – 37 desta edição – págs. 205-6 da 1ª
ed.);
“Mas de quantas
ações fará menção a história, que jamais se viram? / ... / E de quantos nomes,
que nunca houveram?” (fragm. 144 – 46 desta edição - , pág. 363 da 1ª ed.).
Conforme os
autores desta crítica, o vocabulário das Reflexões,
é bastante parco, nada justificando a sua inclusão entre as obras básicas
para a elaboração do Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa – resolução
que estes autores consideram como o ponto de partida para a “ressureição” da
obra de Matias Aires.
Ainda conforme os
autores, não tem Matias Aires singularidade marcante de estilo: sua linguagem é
comum, bastante clara, embora às vezes algo arcaizante, aproximando-se mais da
prosa seiscentista, de que conserva, por vezes, certas construções barrocas.
Emprega sempre
algumas formas já caídas em desuso à sua época: fermoso, fermosura, valeroso, desemparar, ventagem, a fantasma, o hipérbole;
nas orações de voz passiva pronominal antepõe, contra o uso moderno mais
geral, o sujeito ao verbo: “Uma grande pena admira-se, e respeita-se” (fragm.
18); “O vício pratica-se ocultamente” (fragm. 68).
Sua pontuação é
também antiquada, e menos coerente que a de prosadores do século anterior, como
Bernardes, Francisco Manuel de Melo, Frei Antônio das Chagas, Frei Luís de
Sousa.
Revelam artifício
barroco certas construções como estas: “A ciência humana o mais a que se
estende, é ao conhecimento, de que nada se sabe: é saber o saber ignorar, e
assim vem a ciência a fazer vaidade da ignorância” (fragm. 14); “Bem se pode
dizer, que o juízo é o mesmo que entendimento, porém é um entendimento sólido;
por isso pode haver entendimento sem juízo, mas não juízo sem entendimento: o
ter muito entendimento às vezes prejudica, o ter muito juízo sempre é útil: o
entendimento é a parte que discorre, porém pode discorrer mal: o juízo é a
mesma parte que discorre, quando discorre bem: o entendimento pensa, o juízo
também obra; por isso nas ações de um homem conhecemos o seu juízo, e no
discurso lhe vemos o entendimento: o juízo duvida antes que resolva, o entendimento
resolve primeiro que duvide; por isso este se engana pela facilidade com que
decide, e aquele acerta pelo vagar com que pondera (fragm. 15). Conforme M. L.
Belchior Pontes, Frei Antônio das Chagas
– Um Homem e um Estilo do século XVII, cap. X.
Uma particularidade de notar é a frequência da antecipação do
complemento verbal, mais comumente sem relembrá-lo pleonasticamente. Vejam-se,
de amostra, estes dois exemplos (do Prólogo): “A maior parte destas Reflexões
escrevi sem ter o pensamento naquela vaidade”; “E esta promessa entro a cumprir
já”. – Com pleonasmo em forma de pronome átono é bem menos frequente a
antecipação, ao contrário do que acontece em autores do século XIX: “A
constância da virtude não a devemos à vontade, mas ao receio”. (fragm. 21); “À
mulher todos a idolatram por formosa” (58); “A virtude não a queremos de graça”
(119).
Ressalvado tudo
isso, não lhe podemos negar à linguagem, entretanto, uma fluência persuasiva (o
leitor há de verificá-lo), originária menos do estilo do que da sua habilidade
dialética, da qual nem sempre é fácil desenredar-nos.
Se de um lado, a
linguagem e o estilo de Matias Aires nada têm de excepcional, por outro lado só
é de louvar a sua redescoberta, por nos ter ela trazido, com as reedições das Reflexões, o primeiro pensador
brasileiro (só de nascimento, aliás, porque todo europeu na educação e
sentimento), ainda hoje “extraordinariamente atual e vivo” [década de 1960]
graças à saborosa perspicácia da sua análise da alma humana, em certos aspectos
imutável através dos tempos.
Os temas
Partindo do leit motiv “vaidade”, aborda variados
temas, com os quais vem ela mesclada, uma vez que, para ele, é a vaidade, ainda
que às vezes paradoxalmente, que nos leva a uma série de paixões e vícios, e
instituições:
Ao amor próprio: “Nasceu
o homem para viver em uma contínua aprovação de si mesmo. A vaidade parece-se
muito com o amor próprio, se é que não é o mesmo; e se são paixões diversas,
sempre é certo que ou a vaidade procede do amor próprio, ou este é efeito da
vaidade” (fragm. 10 da 1ª ed.).
A glória: “Vivemos
com vaidade, e com vaidade morremos; arrancando os últimos suspiros, estamos
dispondo a nossa pompa fúnebre, como se em hora tão fatal o morrer não bastasse
para ocupação: nessa hora, em que estamos para deixar o mundo, ou em que o
mundo está para nos deixar, entramos a compor, e a ordenar o nosso
acompanhamento e assistência funeral; e com vanglória antecipada nos pomos a
antever aquela cerimônia, a que chamam as Nações últimas honras, devendo antes chamá-la
vaidades últimas” (fragm. 2 da 1ª ed.).
A sociedade: “Nada
contribui tanto para a sociedade dos homens, como a mesma vaidade deles: os
Impérios, e Repúblicas, não tiveram outro princípio em que mais seguramente se
fundassem: na repartição da terra, não só fez ajuntar os homens os mesmos
gêneros de interesses, mas também os mesmos gêneros de vaidades, e nisto se vê
[sic] dois efeitos contrários; porque, sendo próprio na vaidade o separar os
homens, também serve muitas vezes de os unir” (fragm. 11 da 1ª ed.). – “A
vaidade sempre foi origem de nossos males; mas primeiro que a vaidade, foi o
comércio comum das gentes; porque dele resulta a vaidade como contágio
contraído no trato, e conversação dos homens” (fragm. 38 da 1ª ed.).
E até a mesma
virtude: “A vaidade, por ser causa de alguns males, não deixa de ser princípio
de alguns bens: das virtudes meramente humanas, poucas se haviam de achar nos
homens, se nos homens não houvesse vaidade” (frag. 8 da 1ª ed.).
E assim à nobreza [nº
45 dentro da edição em que este texto se baseia], à justiça (nº 43), à tirania
(nº 11), à inveja (nº 8)...
Não deixa de
causar certa estranheza, nas reflexões acerca do amor, sabê-las de um
misantropo e pessimista crônico, em que não suspeitaríamos o lirismo que por elas
perpassa.
Fonte bibliográfica:
Matias Aires - textos escolhidos - Coleção Nossos Clássicos - Editora Agir - por Adriano da Gama Kury e Pedro Luiz Masi - Publicado sob direção de Alceu Amoroso Lima, Roberto Alvim Correa, Jorge de Sena, 1962.
Fonte bibliográfica:
Matias Aires - textos escolhidos - Coleção Nossos Clássicos - Editora Agir - por Adriano da Gama Kury e Pedro Luiz Masi - Publicado sob direção de Alceu Amoroso Lima, Roberto Alvim Correa, Jorge de Sena, 1962.
Nenhum comentário:
Postar um comentário