terça-feira, 10 de julho de 2012

Memórias da Memória - Zikaron - Parte 1

Livros, textos, pesquisas sobre a memória são, em geral, interessantes, tal o valor que tem tal propriedade cognitiva para o ser humano, além de também frequentemente despertar a curiosidade sobre como se dá essa capacidade.
Além de compartilhar esse interesse, eu pretendi abordar a Memória de forma transversal, incorporada em personagens ficcionais que pudessem transmitir aspectos "memoriais" situados em tempo e espaço também "memoriais".
Assim, escrevi "Zikaron - memórias da Memória".
Não se trata de um "livro de memórias", como usualmente se fala a respeito de narrativa pontuada de aspectos autobiográficos.
Trata-se de uma ficção construída sobre a memória cultural de São Paulo na segunda metade dos anos 1970, mais especificamente em 1977.
De certa forma, enfoca também as memórias de Mnemósine, a deusa da memória para os Gregos, transposta em personagens habitantes de uma São Paulo algo "esquecida", ou seja, atualmente "quase sem memória", em relação ao "quase antigo" ano de 1977.
Tempo e espaço... O livro é escrito em forma de prosa poética. Por vezes parece factual, outras vezes parece algo fantástico...
Ora, para os positivistas seguidores de Auguste Comte fatos são "sempre fatos", ou "simplesmente fatos indiscutíveis". Mas, tantas reviravoltas do século XX fizeram-nos questionar essa "certeza dos fatos".
Será que um fato é "indiscutível"? Será que aquilo que chamamos de "fato" corresponde realmente àquilo que pensamos ter sido?
As incertezas da Ciência que sempre muda, a alternante mudança de paradigmas científicos conforme Thomas Kuhn, entre outros fatores, levaram-nos a uma "relativa certeza dos fatos". Isso não implica em passar a negar ou passar a confirmar alguma coisa, mas indica que cada evento deve ser contextualizado e correlacionado aos diversos fatores que o transversalizam.
Assim, "Zikaron, Memórias da memória" vem (neste jogo de palavras) lembrar-nos de coisas que quase estávamos esquecendo...
Talvez a própria Mnemósine, ou seja, a própria Memória tenha que resgatar sua história, sua memória, para reavivar melhor aquilo que um dia pode ter sido "fato" e que com o tempo tenha se transformado em apenas vaga reminiscência, um traço quase apagado...
   

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