quinta-feira, 12 de julho de 2012

Memórias da Memória - Zikaron - Parte 2

O entendimento do uso do nome "Zikaron" para Memórias da Memória desenvolve-se no processo de desdobramento da narrativa do livro.
No entanto, podemos adiantar que "Zikaron" é uma palavra hebraica para "memória".
Mas a raiz da palavra - "Zikr" - está relacionada com outros termos em hebraico ou mesmo em outras línguas relacionados com "memória".
Ocorre que essa memória não corresponde a apenas algo que está situado em um tempo remoto no passado. Zikr ou Zikaron refere-se a uma espécie de "memória viva", uma "memória histórica" que, "atualizando" algo marcante do passado, transversaliza o tempo e revitaliza o presente com o passado. De certa forma, esse é o sentido de vários rituais.
A história de Zikaron se passa no transcorrer do ano de 1977.
A década de 1970 é uma década um pouco esquecida quando comparada com outras décadas.
Os registros de memória sobre essa década são recortados e localizados nos eventos. Não é uma década que costume ser lembrada em bloco como, por exemplo, as décadas de 1920, 1930, 1950, 1960, etc.
Assim, no século XX a década de 1970 é algo como uma "década gótica", em analogia ao período gótico da Idade Média, um tempo não ainda de todo compreendido, mas visto em fragmentos.
Recuperar a memória dessa década é como resgatar um pouco do entendimento das idas e vindas dos tempos moderno e pós-moderno e seus desdobramentos no século XXI.
O ano de 1977, tem em seu caráter numérico até mesmo um sentido estético em seu 7 dobrado e também um tanto simbólico nessa associação de números significativos.
1977 foi um ano de transição como diversos outros, mas talvez de uma transição não tão evidente quanto aqueles marcados por grandes acontecimentos.
Tanto no Brasil como no mundo houve vários eventos políticos e econômicos não muito notáveis, mas que teriam consequências posteriores que moldariam os tempos posteriores.
No campo artístico, a morte de Elvis Presley também pode ter tido um sentido simbólico de transição entre a arte popular da primeira metade do pós-guerra do século XX e a segunda metade, que acompanharia um certo processo de desilusão na sociedade, ao mesmo tempo em que a arte pop tornou-se algo de fundo principalmente consumista, mais do que propriamente artística.
1977 pode ter sido uma "esquina" entre movimentos ou ondas musicais como "punk", "progressivo", "folk", etc., cedendo espaço à crescente "disco", sem o apelativo social dos anteriores, que, apesar disso, continuam, mas menos evidentes (com variações).

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